Daslu é arrematada em leilão por 10 vezes o valor mínimo; negócio já é alvo de disputa na Justiça Novo dono pede sigilo; grife recebeu 32 lances e foi vendida por R$ 10 milhões Por Neide Martingo, Valor Investe – São Paulo 07/06/2022 13h54 Atualizado há 22 horas.
A Daslu, grife que foi referência de luxo no Brasil, foi arrematada, por R$ 10 milhões, valor dez vezes maior do que o preço inicial, de R$ 1,411 milhão. O leilão judicial aconteceu por volta das 13h30 desta terça-feira. O nome do comprador não pode ser divulgado imediatamente, somente depois da tramitação de todo o processo. O leilão, ao todo, recebeu 32 lances, feitos por cinco participantes diferentes. De acordo com a casa de leilões Sodré Santoro, a disputa foi acirrada. O leilão partiu do lance inicial de R$ 1,4 milhão, que correspondia ao valor atualizado da avaliação da marca, e alcançou o valor de venda de R$ 10 milhões. O laudo do perito que acompanhava o caso Daslu, em 2005, estimava que a parte intangível da marca tivesse um valor de R$ 500 milhões. Com a depreciação, o montante caiu para R$ 1,2 milhão. “O novo dono da Daslu acredita que a grife tem um valor agregado que vale a pena”, afirma a advogada Mariana Valverde, sócia do Moreau Valverde Advogados, especialista em propriedade intelectual, marcas e patentes. Justiça O leilão foi autorizado pela Justiça nos autos do processo de falência da Daslu, que corre em uma das varas especializadas da Capital de São Paulo. Segundo apurou o Valor, o leilão já é alvo de disputa na Justiça entre os atuais detentores da marca, a falida DSL Comércio Varejista (que comprou o negócio em 2011) e a administradora judicial, a Expertisemais Perícias. A disputa se dá na avaliação feita pela marca, contou Roberto Castro de Figueiredo, advogado da DSL. A DSL aponta um laudo de R$ 40 milhões, quatro vezes superior ao valor do certame. Importante ressaltar que a marca não pode ser passada ao novo dono enquanto o TJSP não se manifestar sobre a disputa. O novo dono da grife terá direito a todas as “sub-marcas” dela, como a Daslulu, para animais, e outras, como Terraço Daslu, Daslu Vintage, Daslulabel, Villa Daslu, DasluShoe Space, que oferecem desde itens de decoração, cama mesa e banho, roupas, cosméticos e bolsas, até joias, administração de imóveis, eventos e itens para festa e áudio e vídeo. E, agora também, o domínio do site. Vale lembrar que nem tudo foi luxo na história da Daslu. Em 2005, os irmãos Eliana Tranchesi e Antonio Carlos Piva de Albuquerque, donos da marca, foram presos durante a megaoperação chamada Operação Narciso. Os irmãos foram acusados de importação irregular com crimes de sonegação fiscal e fraude em importação. Trocando em miúdos, a Daslu foi acusada de subfaturar importações, ou seja, declaravam valores das peças muito abaixo dos valores reais, com o simples objetivo de sonegar impostos. Depois dessa operação, que levou a Daslu das páginas das revistas de luxo para as páginas policiais dos jornais diários, o negócio foi ladeira abaixo, culminando num fim nada glamoroso de uma marca que durante um bom tempo foi sinal de status. Colaborou Cristian Favaro e Natália Flach, do Valor