Beto Carrero e Playcenter estão entre os potenciais compradores. Outra alternativa é seguir com o plano da recuperação judicial João Sorima Neto 02/11/2021 – 04:30 / Atualizado em 02/11/2021 – 08:19
Hopi Hari: credores terão 30 dias para decidir se parque será vendido a investidores Beto Carrero e Playcenter estão entre os potenciais compradores. Outra alternativa é seguir com o plano da recuperação judicial João Sorima Neto 02/11/2021 – 04:30 / Atualizado em 02/11/2021 – 08:19 Montanha russa do Hopi Hari, em Vinhedo, interior de SP. Com dívidas, parque pausou atividades Foto: Cadu Rolim / Fotoarena / Agência O Globo / 15.05.2017 Newsletters SÃO PAULO – Os credores do Hopi Hari, parque de diversões localizado a 72 quilômetros de São Paulo, na cidade de Vinhedo, terão 30 dias para analisar uma proposta de venda da atração a um grupo de investidores, que inclui concorrentes como Beto Carrero World e Playcenter, ou se seguem com o plano de recuperação judicial, que se arrasta há cinco anos e ainda não tem uma versão definitiva. O juiz Fábio Marcelo Holanda, da comarca de Vinhedo, determinou nesta segunda-feira que a assembleia de credores, que aconteceria na quarta, seja postergada por um mês para que os credores tenham acesso à proposta de compra do parque apresentada pelo grupo, bem como aos dados que “são essenciais para a compreensão da real situação do passivo da recuperanda”, escreveu o juiz em seu despacho. Na semana passada, o grupo de investidores e concorrentes, que incluem também o parque aquático Wetn Wild, empresas do ramo imobiliário, como a Senpar, e do segmento financeiro, como a RTSC e KR Capital, fez uma oferta de compra que inclui a quitação da dívida do parque e prevê investimentos de mais de R$ 150 milhões para a recuperação da atração. Segundo a proposta desse grupo, as dívidas trabalhistas poderiam ser quitadas em 60 dias. Em nota, os investidores afirmam que o grupo é formado por empreendedores e investidores que fomentam o turismo nacional. Seu interesse é no desenvolvimento econômico dos quatro municípios que integrarão o distrito turístico de Serra Azul, que será lançado no próximo dia 29 pelo governo de São Paulo, e visa atrair investimentos e fazer com que a região se torne um dos principais destinos turísticos da América do Sul. Há planos para construção de empreendimentos imobiliários, com campo de golfe. A região também já tem um outlet que atrai público, além do próprio parque aquático Wetn Wild. “E, neste sentido, visando evitar a possível falência do parque, o grupo foca em adquiri-lo em completo alinhamento com os credores, prezando pela saúde financeira e perenidade do Hopi Hari, o que inclui a quitação de dívidas e passivos tributários e recolhimento de tributos”, diz a nota. O presidente do Hopi Hari, Alexandre Rodrigues, avaliou a proposta de compra do parque como uma tentativa de gerar insegurança nos credores, às vésperas da data inicial da assembleia que analisaria um aditivo ao plano de recuperação prevendo o pagamento das dívidas também aos maiores credores. O BNDES é o maior credor do Hopi Hari com 90% dos débitos. Rodrigues disse que a proposta de compra foi feita por concorrentes diretos do Hopi Hari no ramo de entretenimento, o que levanta dúvidas sobre suas verdadeiras intenções. – Essa oferta foi feita de forma imprudente, para trazer insegurança aos credores – disse Rodrigues, que diz que a dívida do parque é de R$ 500 milhões. Ele acrescenta que não há legitimidade na proposta, já que nenhuma das empresas do grupo interessado está nos autos como detentora de créditos. O Hopi Hari anunciou, no final de semana, que tem um acordo com a Whitehall & Company LLC, um banco de investimentos americano para utilizar uma linha de crédito de US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões) se necessário. Os recursos, diz nota divulgada pelo Hopi Hari, podem ser usados para reestruturação e retomada da expansão do parque. Segundo o Hopi Hari, o acordo dá tranquilidade financeira no cumprimento de seu plano de recuperação judicial. – Essa linha de crédito só será usada em caso de necessidade – garantiu Rodrigues. O Advogado Pierre Moreau, do Moreau Valverde Advogados e professor do Insper, diz que toda alternativa que sinalize uma alternativa a uma companhia em recuperação judicial precisa ser analisada “já que os credores devem sempre refletir sobre o que é melhor para a empresa”. Moreau afirma que a falência é sempre a pior alternativa para a empresa. Assim como todo o setor de entretenimento, o Hopi Hari também foi afetado pela pandemia. O parque fechou ano passado e só reabriu em abril deste ano. Está funcionando com 60% da capacidade total, que é de 26 mil pessoas. Fundado em 1999, o Hopi Hari surgiu com a ideia de ser uma alternativa em São Paulo ao Beto Carrero World, parque localizado em Santa Catarina. Foi erguido com recursos da gestora de private equity GP Investimentos e de quatro fundos de pensão – Previ, Funcef, Petros e Sistel, que acabaram passando o negócio adiante já que o lucro não veio. Depois, a empresa passou por outras mudanças de controlador e só começou a ficar no azul a partir de 2011, embora as dívidas acumuladas, inclusive com o Fisco, fossem elevadas. Em 2012, o parque sofreu seu maior baque após uma adolescente de 14 anos morrer ao cair da “Torre Eiffel”, um elevador de 69,5 metros de altura. Com o acidente, o Hopi Hari passou um mês fechado, o público reduziu e o parque voltou ao vermelho, com um prejuízo de cerca de R$ 90 milhões naquele ano. A imagem do Hopi Hari ficou bastante arranhada após o episódio e, em 2016, veio o pedido de recuperação judicial.