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Lei inspirada em polêmica com Elis Regina tem lacunas, diz especialista

Lei inspirada em polêmica com Elis Regina tem lacunas, diz especialista Projeto sobre direitos de imagem avança em discussão voltada a novas tecnologias e pode ser aprimorado no Congresso Deep fake de Elis Regina em propaganda -Deep fake de Elis Regina em propaganda (Youtube/Reprodução) Em face do polêmico comercial da Volkswagen com a cantora Elis Regina, que aparece gerada por inteligência artificial (IA) 41 anos depois de sua morte, o legislativo se movimenta para adequar o direito de imagem à nova realidade tecnológica. Um projeto de lei apresentado na última semana pelo senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) busca regulamentar a questão, mas tem lacunas significativas a serem superadas, como apontado por Mariana Valverde, sócia do Moreau Valverde Advogados e especialista em propriedade intelectual. O texto estabelece que a imagem de um falecido gerada por inteligência artificial só pode ser utilizada com autorização expressa em vida ou, na ausência dela, com a autorização de herdeiros. Hoje, a decisão praticamente recai sobre os herdeiros. Assim, busca-se dar mais influência sobre a decisão à pessoa cuja imagem pode ser retratada. “O PL, no entanto, permite que os herdeiros derrubem uma decisão do falecido, por exemplo, desautorizando o uso da imagem mesmo que o falecido tenha permitido”, diz Mariana, expondo uma brecha na regulação. O projeto tem apenas oito artigos, define os herdeiros de forma um tanto quanto vaga – os coloca como “familiares próximos” – e é “bem simplificado”, nas palavras de Mariana, mas a advogada vê a iniciativa como um claro avanço. “O projeto é muito bem-vindo. Tem o mérito, por exemplo, de colocar a necessidade do anunciante explicitar que a imagem da pessoa é gerada por inteligência artificial. Trata-se de algo embrionário e que ainda vai ser mais discutido. Há razão para otimismo”, diz. Por ora, a especialista tem apenas prestado consultorias sobre o assunto, mas adianta que, com a proliferação da tecnologia, logo a discussão deve parar nos tribunais do país.